Relação magnética
Publicado por laerte em 22/10/2025

No estudo do Magnetismo, uma das primeiras coisas que um magnetizador deve procu-rar se inteirar é a respeito da relação de simpatia ou antipatia que pode existir entre flui-dos diversos. Num processo de tratamento, o fluido do magnetizador deve ser capaz de agir positivamente sobre os fluidos do doente a fim de restabelecer a sua qualidade, promover a correta assimilação dos fluidos novos pelos seus centros vitais, além de restabelecer a necessária circulação fluídica. Para que o objetivo de tratamento seja alcançado é indispensável que haja simpatia entre o fluido do magnetizador e do magnetizado.

O Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa traz, entre outros, os seguintes significados para o termo simpatia:

1 - Afinidade entre duas ou mais pessoas pela semelhança e proximidade de sentimentos e pensamentos.

2 - Relação estabelecida entre duas pessoas que, por sentimentos afins, sentem atração mútua e espontânea.

3 - Impressão ou disposição favorável que alguém experimenta em relação a outrem que acabou de conhecer.

4 - Atração por uma coisa, ideia, causa etc.

Fica entendido que simpatia significa uma semelhança de pensamentos, sentimentos, gostos etc. que gera atração. Em se referindo à simpatia fluídica entendemos que se trata de afinidade entre os fluidos de duas ou mais pessoas.

Allan Kardec em O Livro dos Médiuns, tratando da diferença de aptidão entre os médiuns para realizar determinados fenômenos perguntou aos Espíritos:

XIX. Por que é que nem toda gente pode produzir o mesmo efeito e não têm todos os médiuns o mesmo poder? “Isto depende da organização e da maior ou menor facilidade com que se pode operar a combinação dos fluidos. Influi também a maior ou menor simpatia do médium para com os Espíritos que encontram nele a força fluídica necessária. Dá-se com esta força o que se verifica com a dos magnetizadores, que não é igual em todos. A esse respeito, há mesmo pessoas que são de todo refratárias; outras com as quais a combinação só se opera por um esforço de vontade da parte delas; outras, finalmente, com quem a combinação dos fluidos se efetua tão natural e facilmente que elas nem dão por isso e servem de instrumento a seu mau grado, como atrás dissemos.” (Cap. XIV - Da teoria das manifestações físicas) (grifo nosso).


Como em todo fenômeno mediúnico há uma ligação magnética entre comunicante e médium, podemos tomar a citação acima como analogia para a relação magneti-zador/magnetizado. Depreende-se da orientação dos Espíritos que cada indivíduo possui um tipo fluídico específico, com características próprias, os quais podem se combinar mais ou menos facilmente com os de outra pessoa. Podem mesmo ser completamente refratários. O orientador se refere à relação Espírito/médium, mas pode existir da mesma forma entre dois encarnados. Numa simples comparação, verificamos como água e óleo não se misturam, enquanto água e açúcar, com um pouco de boa vontade dão origem a uma substância homogênea.

Os magnetizadores da época clássica descobriram, através da experiência, essa propriedade do fluido magnético o qual participa da lei de atração e repulsão. Sabiam eles que a ação do magnetizador sobre o necessitado só se daria se houvesse uma relação magnética. É como num número musical, entre o cantor e o instrumentista deve haver uma afinação, precisam executar a música no mesmo tom e ritmo para que haja harmonia e a arte possa mostrar a sua beleza. Assim como um instrumento desafinado pode ser corrigido, o magnetizador também pode atuar so-bre os fluidos do doente, assim como flexibilizar os seus próprios fluidos para que haja a melhor "afina-ção" magnética possível entre a dupla. Nas suas pesquisas pelas obras dos magnetizadores mais antigos, percebeu Michaelus que todos aten-tavam para essa ação magnética antes de iniciar o tratamento propriamente dito.

Passará, então, o magnetizador à tomada de relação, isto é, a estabelecer entre ele e o paciente uma relação magnética, pela qual se possa realizar a transmissão do fluido de um para outro. (Magnetismo Animal, pág. 67)

Continua ele:

Mesmer, Puységur, Deleuze, Aubin Gauthier e Bruno faziam o contato pelos polegares do paciente dirigidos para cima e que eles seguravam com as mãos fechadas levemente durante uns 5 minutos, processo esse ainda seguido modernamente por J. Reno-Bajolais; outros estabelecem o contato pousando uma das mãos sobre os rins e a outra sobre o epigástrio, conservando deste modo o corpo do paciente entre as duas mãos; outros ainda agem com uma só das mãos colocada na cabeça ou sobre o epigastro. (idem)

Ainda segundo Michaelus, o Barão du Potet "só em-pregava a ação a distância (...), mas depois de tomado o contato pela imposição da mão direita ou esquerda, indiferentemente, sobre a cabeça do paciente". (ibidem) As formas são diversas, mas têm como único objetivo tentar criar entre os fluidos de ambos os envolvidos a melhor interação possível de modo que o sistema fluídico do assistido não rejeite a operação magnética realizada a seu favor. O ato de estabelecer a relação magnética era conhe-cido pelo nome de rapport. Esse termo foi adotado pelos praticantes da hipnose e vigora ainda hoje na hipnoterapia que restringiu o seu significado para "um sentimento de empatia, de responsabilidades mútuas, que contribuem para que se estabeleçam e se fixem os laços de confiança entre o paciente e o profissio-nal", de acordo com o Manual Brasileiro de Hipnose Clínica. (FERREIRA, 2013, pág. 362) No Magnetismo, o rapport vai além de se instituir laços de confiança, que com certeza abrem caminho para que o assistido se sinta em um ambiente acolhe-dor, seguro, que lhe coloca à vontade para entregar-se ao tratamento, aumentando as chances de cura. Para os magnetizadores, o rapport deve ocorrer a nível energético onde os campos fluídicos de ambos - magnetizador e doente - não se repelem, como que se mesclam, se integram, interagem sem obstáculos.

Na mesma obra, Isabel Cristina Labate afirma que

O rapport vem sendo formado muito antes da primeira consulta, já na indicação, na forma como a secretária atendeu ao paciente, no ambiente acolhedor do consultório, até a consolidação, em uma conversa franca e objetiva com o terapeuta. (idem)

Estas recomendações também valem para o magnetismo que é aplicado nos Centros Espí-ritas. O setor de recepção, de atendimento fraterno, as palestras, o contato simples e afável com o magnetizador, tudo isso proporciona uma melhoria da relação fluídica. Tudo isso é correto, porém, a técnica magnética apropriada é que realmente fará a diferença. Na atuali-dade, Jacob Melo recomenda a imposição da mão sobre o centro de força coronário, no alto da cabeça, sem contato físico e sem doação fluídica, apenas estabelecendo um contato mag-nético que induz a modificações na estrutura vital de ambos com a finalidade de produzir uma empatia. "Num trabalho de hipnose - escreveu ainda Labate - o rapport é, sem dúvida, o chão, a base de todo o processo, sem a obtenção dele é impossível a realização da indução e manutenção do estado hipnótico". (ibidem) Se é tão importante para os processos hipnó-ticos, mais ainda na terapêutica magnética onde a vontade, as técnicas e os fluidos do mag-netizador devem ser bem assimilados pelo doente, processados e introjetados pelo seu siste-ma vital de modo a reconstituir a sua saúde emocional ou física. No sonambulismo, em que ocorre um grande envolvimento fluídico entre o magnetizador e o sujet, a boa interação energética também é importante. Sem isso, o fenômeno conta com maiores dificuldades na sua realização e aprofundamento. Onde haja relação entre duas ou mais pessoas, aí ocorrem essas trocas de fluidos que provocam bem ou mal-estar não somente devido às disposições morais das pessoas, mas também por causa das especifi-cidades fluídicas de cada um. Também na obsessão, se entre o Espírito e o obsediado existi-rem, além da afinidade moral, a simpatia fluídica, o processo poderá ficar mais perigoso, visto que a ligação entre os dois será facilitada e a vontade do obsessor será mais fortemente imposta sobre o encarnado.

Fonte: https://jacobmelo.com/sobre-magnetismo/jornal-vortice/category/10-ano-09-2016

Edição: 103

Voltar

Comentários

Nenhum comentário ainda.